No dia do Economista, dicas para economizar no supermercado

Você é do tipo que vai ao supermercado todos os dias ou é daqueles que vão uma vez por mês e lotam a despensa? Compra sempre as mesmas marcas, sem dar bola para o preço, ou escolhe o produto mais barato? Seja qual for seu estilo, há oportunidades de poupar — mas é necessário parar e refletir sobre seus hábitos de consumo.

Confira a seguir dicas de economistas, consultores e educadores financeiros para evitar armadilhas e desperdício e aproveitar oportunidades de economia na alimentação e no supermercado — elementos tão fundamentais do cotidiano que, paradoxalmente, acabamos encarando de forma automática, sem perceber o potencial de alívio para o bolso.

1 – Vá à feira

Hortaliças, frutas e ovos tendem a custar menos no comércio de rua. Segundo Claiton Colvelo, técnico encarregado do setor de Análise e Informações da Ceasa, a concorrência entre os feirantes é a “concorrência perfeita”: muitos vendedores com o mesmo produto e muita gente querendo comprar.

— A tendência é que se baixe o preço e melhore a qualidade — avalia.

Nesse cenário, também ocorrem ofertas de vegetais mais “feios”, mas igualmente nutritivos e deliciosos. Ovos chegam a custar a metade do preço no comércio de rua, onde também é possível encontrar orgânicos por valores mais próximos aos que supermercados cobram por frutas e verduras convencionais. Informe-se sobre dias, horários e locais das feiras de sua cidade para otimizar seu planejamento doméstico.

2 – Fuja dos supermercados aos finais de semana

É natural que as pessoas tenham o hábito de ir ao supermercado nos finais de semana, quando dispõem de mais tempo, mas vale fugir das compras nesses dias pelo bem do orçamento.

— A oferta de produtos é maior, mas o preço é mais alto, justamente porque o fluxo de pessoas é maior — informa o educador financeiro Leandro Rodrigues.

3 – Evite desperdício

Um terço do que as famílias compram acaba tendo o lixo como destino, afirma o Instituto Akatu, organização não-governamental que trabalha há 15 anos pelo consumo consciente. Conhecer os hábitos de consumo do lar ajuda a evitar o desperdício. De nada adianta comprar a embalagem mais econômica de pão de sanduíche se as fatias extras vão fora porque mofam antes que você dê conta de consumi-las.

Certos vegetais têm custo interessante, mas rendem muito. É o caso do repolho: às vezes, paga-se o mesmo preço, independentemente do tamanho da cabeça de repolho. Avalie se, ao optar pelo grande, você não estará escolhendo desperdiçar alimento. Quando o preço for por quilo, então, fica mais fácil calibrar seu senso de quanto cada vegetal costuma render na sua cozinha.

4 – Faça uma lista

Fazer uma lista de produtos organizada por seções poupa tempo e evita compras por impulso.

— Abra a despensa, verifique as validades, veja como está o consumo de cada item e saia com uma lista de prioridades — recomenda o educador financeiro Leandro Rodrigues.

No mercado, o olho atento à data de validade também pode oportunizar economia.

— Vale a pena barganhar descontos com o gerente e consumir imediatamente — aconselha Luis Carlos Ewald.

É bom lembrar também dos subestimados folhetos publicitários e anúncios em que supermercados e atacadões divulgam as ofertas da semana. Pode valer a pena sair da rota usual para aproveitar bons preços.

5 – Maneire no estoque

O economista e consultor financeiro Luis Carlos Ewald, lembra que estocar grandes quantidades faz ainda menos sentido em um cenário de inflação sob controle:

— Não tem por que fazer compras mensais, que ocupam espaço e podem passar da validade. Recomendo ir uma vez por semana ou a cada 15 dias ao supermercado para poder aproveitar as ofertas.

Segundo Ewald, em caso de promoções muito boas de itens pouco perecíveis (como óleo de cozinha), o estoque passa a fazer sentido. Mas há quem recomende fazer do limão, uma limonada.

— Comprar algo que já tenha em casa e que vá durar meses, como produtos de limpeza, não é financeiramente interessante. Às vezes se gasta R$ 30 que poderiam ser economizados e até mesmo investidos, rendendo juros a seu favor — pondera Leandro Rodrigues.

6- Fique atento à arquitetura

Conhecer a arquitetura dos supermercados em que se faz as compras também pode prevenir armadilhas. Por exemplo: os produtos mais procurados tendem a estar no fundo da loja, obrigando você a passar por prateleiras e gôndolas cheias de tentações.

Há situações em que ir ao mercado diariamente vale a pena: o pão francês pode ser mais barato do que na padaria, por exemplo. Nesse caso, a orientação do consultor financeiro Luís Carlos Ewald é que você entre focado, compre o pão e vá embora.

Outra dica vale para quem busca os itens com os melhores preços: olhe para os locais menos visíveis.

— Os produtos mais baratos estão nas prateleiras de baixo, já que costumamos comprar o que está mais a nossa vista. Consulte sempre o andar inferior — aconselha Ewald.

6 – Compre sem fome

É quase senso comum, mas o educador financeiro Leandro Rodrigues reforça:

— Vá às compras bem alimentado. Se você for com fome, vai comprar coisas além da lista.

A dica é amparada por diversas pesquisas científicas que constataram a influência da alimentação em um período imediatamente anterior à ida às compras. Além de gastar mais, as pessoas que não haviam se alimentado escolhiam produtos mais calóricos – pode não ser uma boa prática se você sofre para cuidar do peso e da saúde.

7 – Conheça a sua inflação

— Ter intimidade com os preços é fundamental para tomar decisões, saber o que está barato, o que está fora de época — orienta o consultor financeiro Luís Carlos Ewald.

Mais do que isso: realizar um bom planejamento financeiro permite que o consumidor conheça o seu índice de inflação. O IPCA, índice de inflação ao consumidor calculado pelo governo, é baseado em uma média do país. Porém, cada pessoa tem hábitos de consumo diferentes.

Para saber como a inflação de cada item impacta no seu orçamento, convém registrar os preços de produtos que você mais consome ao longo do tempo.

— A inflação pessoal é o único indicador confiável de inflação. Cada um tem seu estilo de vida, e as pessoas acabam mantendo seu consumo mais ou menos estável. Fazendo o planeamento, vou saber quanto gasto por mês, e vendo as diferenças de um mês para o outro e de um ano paro outro, sei como está a minha inflação — resume o educador financeiro Adriano Severo, professor da QI Faculdade e Escola Técnica.

Informado sobre os produtos cuja inflação tem mais impacto no próprio orçamento, o consumidor pode adequar as compras, substituindo itens e equilibrando os gastos com as receitas.

8 – Busque alternativas

Diante de um produto mais caro do que o usual, procure outros alimentos que podem substituí-lo.

— Comprar produtos da marca própria do supermercado às vezes é mais barato – lembra o educador financeiro Reinaldo Domingos, ressaltando que a “fidelização de marca” é coisa do passado e hoje há muita variedade.

No caso dos vegetais, a não ser que sejam indispensáveis, não compre os que estão muito acima do preço. Se o feijão está caro, opte pela lentilha. A batata pode ser trocada pelo aipim em quase qualquer prato.

Diversos fatores, além da época do ano, contribuem para as oscilações, que podem levar produtos muito procurados, como o tomate, a custar o triplo em um cenário de safra ruim. Esta é também uma forma de diversificar seus hábitos alimentares, trazendo novidade e, quem sabe, enriquecendo sua dieta.

9 – Leve uma calculadora

Estar atento aos preços e à sua relação com a quantidade de produto é importante para não fazer maus negócios.

— São muito comuns ofertas que parecem interessantes, mas em que houve uma redução da quantidade. O pacote de filé de frango sempre foi de um quilo, agora é de 800 gramas — exemplifica Leandro Rodrigues.

O educador financeiro também recomenda que o consumidor vá ao mercado munido de calculadora e chegue ao caixa sabendo quanto será o valor total da compra, evitando pagar a mais por produtos que estavam anunciados de forma equivocada.

— Não adianta fazer uma pesquisa detalhada e, por erro de logística do mercado, pagar R$ 15 a mais na compra. Será que você tem R$ 15 na poupança? — indaga Rodrigues.

10 – Armazene corretamente

Outra causa de desperdício é não guardar hortaliças corretamente. Vegetais folhosos, como alface e rúcula, devem ser armazenados no compartimento inferior da geladeira, a temperaturas mais amenas, em torno de 10°C, evitando a queima pelo frio.

Já cebolas e batatas não devem ser refrigeradas, mas mantidas em ambientes com ventilação razoável, sem incidência de muita luz, como aquela fruteira de grelha, em um canto fresco da cozinha, longe de fornos e fogões.