Novo estudo da GSMA e BID: a tecnologia móvel é a chave para proteger o meio ambiente e combater as mudanças climáticas na América Latina

O relatório destaca o setor de TIC como catalisador da revolução de baixo carbono.

A tecnologia móvel será uma das ferramentas fundamentais para se enfrentar as mudanças climáticas e desenvolver soluções inteligentes que assegurem um crescimento econômico sustentável na América Latina.

Esse é o destaque do novo estudo da GSMA (associação global do ecossistema móvel) e do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), intitulado ‘Tecnologia para a ação climática na América Latina e no Caribe – Como as soluções móveis e as TIC contribuem para um futuro sustentável de baixo carbono’. O relatório, desenvolvido pelo grupo South Pole, analisa como a indústria das TIC está permitindo a redução da emissão de carbono em todos os setores, ao mesmo tempo em que reduz sua própria pegada ecológica. O estudo descreve como a Internet das Coisas (IoT) e o Big Data estão ajudando a enfrentar as mudanças climáticas e a proteger o meio ambiente, e também ressalta de que forma a indústria e os governos podem abordar temas como o lixo eletrônico.

“A mudança climática é uma das questões mais urgentes que o mundo enfrenta hoje, e não pode ser ignorada”, afirmou Mats Granryd, diretor-geral da GSMA. “ As operadoras móveis e outros atores do ecossistema móvel estão liderando uma ampla gama de programas e iniciativas que contribuem para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas, incluindo a luta contra as mudanças climáticas e seus impactos. De fato, o SDG 13 (Ação pelo Clima) é um dos SDGs em que as operadoras estão contribuindo mais fortemente”, acrescentou.

“Os países da América Latina e o Caribe são particularmente vulneráveis aos impactos das mudanças climáticas. Para evitar esses efeitos, os empresários estão trabalhando em uma estreita cooperação com políticos, instituições financeiras e organizações da sociedade civil para potencializar o uso das novas tecnologias digitais. Graças a esse esforço, atualmente é possível projetar redes de transporte mais eficientes, proporcionar uma infraestrutura mais resiliente, melhorar a gestão de recursos, implementar redes de energia inteligentes e desenvolver agricultura de precisão”, afirma Juan Antonio Ketterer, chefe da divisão de Conectividade, Mercados e Finanças do Banco Interamericano de Desenvolvimento.

Change Como a Indústria Digital pode alcançar seu potencial máximo para enfrentar as mudanças climáticas

Segundo o relatório, a tecnologia móvel e as TIC possuem o potencial de reduzir com eficiência as emissões dos gases de efeito estufa (GEE) e de efetivamente desvincular o crescimento econômico do crescimento das emissões. Um forte compromisso pela eficiência energética e pela energia renovável é o caminho que a indústria digital deve tomar para se alinhar ao Acordo de Paris e manter o aquecimento global bem abaixo dos 2 graus Celsius.

As operadoras móveis da América Latina estão definindo objetivos para expandir, durante os próximos anos, a porcentagem de energia renovável que utilizam, ao mesmo tempo em que focam em iniciativas para diminuir o consumo de energia e contribuem com projetos de proteção ambiental, como campanhas para reduzir o desmatamento e para desenvolver serviços que protejam a vida selvagem.   

Aproveitando o Big Data e a Internet das Coisas

O Big Data e a Internet das Coisas (IoT) podem ser inovações essenciais para o desenvolvimento de soluções contra as mudanças climáticas. Sua implementação apoiará os setores de transporte, manufatura, agricultura, construção e energia, entre outros, para reduzir suas emissões GEE e incrementar a eficiência no uso de recursos para proteger o meio ambiente.

As TIC e soluções móveis estão sendo amplamente utilizadas para melhorar os serviços públicos como o transporte, por meio de medidores inteligentes, monitoramento ambiental, smart grids e muitos outros. Um exemplo se destaca em São Paulo, onde a Telefônica lançou um piloto de Big Data para monitorar a mobilidade dos cidadãos, analisar seu impacto na qualidade do ar na cidade e estimar seus efeitos na saúde e no bem-estar dos habitantes. Utilizando dados de mobilidade, foi possível prever os problemas de poluição até dois dias antes que eles ocorressem. Isso permite que as autoridades locais tomem precauções para proteger a saúde pública, como direcionar o tráfego para rotas alternativas e alertar as populações vulneráveis, aquelas com problemas respiratórios em áreas de alta contaminação.

O enfoque sustentável e a gestão do lixo eletrônico

O relatório revela que o lixo eletrônico (e-waste) gerado globalmente alcançou 46.000 quilotons (kt) em 2017, e que a América Latina representa 9% do total mundial (4.400 kt). Estima-se também que apenas 46 kt (1%) do total do lixo eletrônico da região esteja associado aos telefones móveis. Esses novos dados da Universidade das Nações Unidas destacam que o lixo eletrônico crescerá 10% ao ano na América Latina até 2020.

Os governos da América Latina e do Caribe devem melhorar os incentivos para a reciclagem e reutilização dos equipamentos elétricos e eletrônicos. A reciclagem e a reutilização diminuem o uso de energia na produção de equipamentos eletrônicos, pois reduzem a demanda por materiais virgens, cuja extração é muito intensiva em energia. Isto reduz as emissões GEE e também resulta em menos lixo eletrônico que chega aos aterros sanitários. Para avançar em direção a uma economia circular, os governos da região necessitam implementar políticas adicionais dirigidas ao setor de TIC, como por exemplo as baseadas na responsabilidade estendida do produtor.

“As soluções móveis e das TIC estão enfrentando os desafios da mitigação e adaptação às mudanças climáticas. As empresas com visão de futuro podem integrar os esforços para diminuir o consumo dos combustíveis fósseis, aprofundar o uso eficiente dos recursos, aumentar a utilização de energia renovável e alinhar os SDGs com o planejamento de negócio. Isto gerará benefícios como a redução de risco, o aumento da economia e um valor de marca mais forte”, conclui Renat Heuberger, CEO da South Pole.