Cientistas usam ondas sonoras para produzir hidrogênio “verde”

Pesquisadores da Universidade RMIT em Melbourne, na Austrália, desenvolveram uma nova técnica que utiliza ondas sonoras para produzir o chamado hidrogênio verde — gás que não gera nenhum tipo de poluente prejudicial ao meio ambiente durante seu processo de extração.

Segundo os cientistas, essa abordagem inovadora é a maneira mais eficiente de obter grandes quantidades de hidrogênio, usando apenas um processo conhecido como eletrólise para separá-lo da água, reduzindo drasticamente as emissões de carbono ao redor do planeta.

“A eletrólise envolve eletricidade passando pela água com dois eletrodos para dividir as moléculas de água em gases de oxigênio e hidrogênio que surgem como bolhas, produzindo o hidrogênio verde”, explica o professor de química Amgad Rezk, coautor do estudo.

Boas vibrações

Atualmente, esse processo de eletrólise da água representa apenas uma pequena fração do sistema global de produção de hidrogênio devido ao seu alto custo, principalmente por causa de materiais caros como platina e irídio, utilizados na fabricação dos eletrodos.

Para contornar esse problema, a equipe do professor Rezk utilizou as vibrações sonoras de alta frequência para separar o hidrogênio da água, substituindo eletrólitos corrosivos e eletrodos extremamente caros, por materiais mais baratos e abundantes na natureza, como a prata.

“Além de serem economicamente inviáveis, os materiais usados atualmente nos eletrodos sofrem com o acúmulo de hidrogênio e oxigênio, formando uma camada de gás que minimiza a atividade deles e reduz significativamente o seu desempenho”, acrescenta a autora principal do estudo Yemima Ehrnst.

Mais hidrogênio

Durante os testes realizados em laboratório, os pesquisadores mediram por repetidas vezes a quantidade de hidrogênio produzida no processo de eletrólise — com e sem a utilização de ondas sonoras — para obter uma quantidade significativa de gás natural.

A saída elétrica da eletrólise com as ondas sonoras foi aproximadamente 14 vezes maior do que o processo que não usou as vibrações, dependendo da tensão aplicada no sistema. O método também melhorou a eficiência de conversão, levando a uma economia de energia de 27%.

“Embora essa inovação seja promissora, ainda precisamos superar os desafios de integrar esse sistema de ondas sonoras aos eletrolisadores já existentes no mercado para ampliar o seu uso de forma mais eficiente e consistente”, encerra o professor Amgad Rezk.