COP15: Guterres pede que governos façam as pazes com a natureza

O secretário-geral da ONU, António Guterres, discursou na abertura da Conferência de Biodiversidade da ONU (COP15) nesta quarta-feira (7). O encontro acontece em Montreal, no Canadá, até 19 de dezembro.

Durante a sua fala, o líder da ONU afirmou que o mundo trata o planeta como latrina e que estamos “cometendo suicídio por procuração”. Guterres destacou as perdas que a falta de cuidado com a natureza já causam. Ele estima um prejuízo de três trilhões de dólares com a deterioração da natureza, além da perda de empregos, vidas e do aumento da fome e doenças.

Diante deste cenário, ele destacou que a COP15 traz uma oportunidade para construir paz com a natureza.Para isto, o secretário-geral afirma que os governos precisam desenvolver planos robustos em todas as frentes. 

Guterres acredita que as autoridades devem redirecionar subsídios e isenções fiscais para soluções verdes, como energia renovável, redução de plástico, produção de alimentos ecológicos e extração sustentável de recursos. Além disso, ele também recomenda que os planos reconheçam e protejam os direitos dos povos indígenas e comunidades locais, considerados por ele “guardiões da biodiversidade”.

Para o secretário-geral, o setor privado deve balancear lucro e colocar a proteção dos ecossistemas em primeiro lugar. Guterres explica que isso significa que a indústria alimentar e agrícola precisa formas sustentáveis de produção e meios naturais de polinização, controle de pragas e fertilização.

Financiamento – O chefe da ONU reforça que os países desenvolvidos devem fornecer apoio financeiro para os países do sul, que são “como guardiões da riqueza natural do nosso mundo”. 

Ele pediu às instituições financeiras internacionais e bancos multilaterais de desenvolvimento que alinhem suas carteiras com a conservação e uso sustentável da biodiversidade. Segundo Guterres, a comunidade global precisa apoiar todos os países enquanto eles protegem e restauram seus ecossistemas após “séculos de degradação e perda”.

Planeta B – Em um chamado para que os governos tomem responsabilidade pela natureza, biodiversidade e humanidade, Guterres afirmou que “deixando de lado os sonhos ilusórios dos bilionários, não existe Planeta B”.

Assim, ele concluiu seu discurso afirmando que, embora se inspire com jovens ativistas ambientais de todo o mundo, ele acredita que “não podemos passar a responsabilidade para eles limparem nossa bagunça”.

O chefe da ONU pediu que os representantes aceitem a responsabilidade pelos danos causados e tomem medidas para corrigi-los.