Mudança climática pode levar mundo ao um dos quinquênios mais quentes

Um estudo publicado esta quarta-feira pelas Nações Unidas diz que o ritmo da mudança climática não parou devido à Covid-19. O novo relatório United in Science 2020, compila dados de diversas agências científicas e é coordenado pela Organização Meteorológica Mundial, OMM.

O relatório destaca que as concentrações de gases de efeito estufa na atmosfera estão em níveis recordes e continuam aumentando.

As emissões de gás carbônico caminham em direção a níveis pré-pandêmicos, após um declínio temporário causado pelo bloqueio e pela desaceleração econômica. 

De acordo com a publicação, a esse ritmo não se está no caminho de cumprir as metas acordadas pelos países para manter o aumento da temperatura global bem abaixo de 2 ° C ou a 1.5 ° C acima do nível pré-industrial.

Em Nova Iorque, o secretário-geral Antonio Guterres realçou o recorde dos cinco anos desde a assinatura do Acordo de Paris sobre Mudanças Climáticas como o mais quente da história humana. As temperaturas globais médias estarão 1.1 ° C acima dos níveis pré-industriais.

Seis ações

Por isso, o chefe da ONU realçou seis ações relacionadas ao clima para “moldar a recuperação”, começando pela geração de novos empregos e negócios por meio de uma transição limpa e verde.

Em segundo lugar, Guterres sugeriu que o dinheiro dos contribuintes deve ser usado para resgatar empresas estando associado a empregos verdes e ao crescimento sustentável.

Em terceiro, ele pediu que se potencialize a tributação que leve a uma mudança da economia cinza para verde e para tornar as sociedades e as pessoas mais resilientes.

Como quatro ponto, o secretário-geral pediu o uso de fundos públicos para investir no futuro e ir para setores e projetos sustentáveis que ajudem o meio ambiente e o clima.

Em quinto, Guterres apontou que riscos e oportunidades climáticos sejam incorporados ao sistema financeiro, bem como a todos os aspectos da formulação de políticas públicas e infraestrutura.

Por último, o chefe da ONU disse que é preciso que a comunidade internacional atue em conjunto.

Negociações

No início de junho deste ano, as emissões globais diárias de CO2 fóssil haviam retornado para 5% abaixo dos níveis de 2019, que alcançaram o novo recorde de 36,7 giga toneladas no ano passado. Esse valor corresponde a mais 62% do que no início das negociações sobre mudanças climáticas em 1990.

Para o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, 2020 tem sido um ano sem precedentes para as pessoas e o planeta. A pandemia interrompeu vidas em todo o mundo. Ao mesmo tempo, “o aquecimento do nosso planeta e as perturbações climáticas têm continuado a bom ritmo”.

O chefe da ONU realça que nunca esteve tão clara a necessidade “de transições limpas, inclusivas e de longo prazo para enfrentar a crise climática e alcançar o desenvolvimento sustentável”. 

Para ele, é preciso “transformar a recuperação da pandemia em uma oportunidade real para construir um futuro melhor.” O representante destacou ainda que o mundo precisa de “ciência, solidariedade e soluções” ao apresentar o documento.