ONU Mulheres e Comitê Olímpico lançam estudo sobre cargos de liderança

A ONU Mulheres e o Comitê Olímpico do Brasil divulgaram nesta quinta-feira (18) a pesquisa “Igualdade e Inclusão da Mulher no Esporte: mapeamento das organizações esportivas nacionais e internacionais”.

O estudo, lançado durante o 1º Fórum da Mulher no Esporte, apresenta dados recentes sobre a participação de mulheres em cargos de liderança nas principais federações internacionais e confederações olímpicas brasileiras.

Além de apontar problemas e desafios, a pesquisa também introduz uma lista de recomendações e boas práticas para tornar o esporte um ambiente mais igualitário e inclusivo para mulheres e meninas.

O esporte é uma poderosa ferramenta de transformação capaz de impulsionar a igualdade de gênero e o empoderamento de meninas e mulheres na sociedade. Para que seu potencial seja alcançado, no entanto, as organizações que gerem o esporte precisam elaborar políticas para torná-lo mais igualitário, inclusivo e seguro. 

Para nortear a criação destas políticas, é fundamental compreender o atual contexto do ecossistema esportivo. Nesse esforço, a ONU Mulheres e o Comitê Olímpico do Brasil divulgaram nesta quinta-feira (18) os resultados da pesquisa “Igualdade e Inclusão da Mulher no Esporte: mapeamento das organizações esportivas nacionais e internacionais”.

O estudo, lançado durante o 1º Fórum da Mulher no Esporte, apresenta dados recentes sobre a participação de mulheres em cargos de liderança nas principais federações internacionais e confederações olímpicas brasileiras, bem como um mapeamento das políticas e normativas que têm sido adotadas por essas organizações para fomentar a igualdade de gênero no esporte. 

O relatório usa como ponto de partida as diretrizes do Comitê Olímpico Internacional para a implementação da igualdade de gênero. No documento é avaliado o histórico de representatividade dentro do movimento olímpico a fim de compreender como as normativas estão sendo implementadas. 

Em um segundo momento, a pesquisa acompanha organogramas, políticas e ações que as Confederações Brasileiras Olímpicas desenvolvem com o objetivo de impulsionar a igualdade de gênero no ambiente esportivo, acelerar a inclusão feminina em quadros de liderança e de gestão e criar mecanismos institucionais para a prevenção ao assédio e ao abuso no esporte em suas diversas modalidades. 

Mudanças internas – Um ponto fundamental apresentado é que a transformação deve começar com mudanças internas nas organizações que regem o esporte e detêm o poder de estabelecer as regras de conduta de cada modalidade. 

Apesar de alguns avanços notáveis no tema da igualdade de gênero no âmbito esportivo, como o recorde de 48% de participação de atletas mulheres na Olimpíada de Tóquio em 2021, os dados demonstram que um número relativamente baixo de entidades cumprem com as diretrizes estabelecidas pelo COI. 

Apenas 11 das 39 Federações Internacionais Olímpicas (28%) e 10 das 34 Confederações Brasileiras Olímpicas (29%) avaliadas, por exemplo, atingiram a meta de inclusão mínima de 30% de mulheres em postos diretivos. 

Conclusões – A partir dos diagnósticos, o relatório apresenta os principais desafios, mas também uma lista de recomendações e boas práticas para tornar o cenário esportivo mais inclusivo para elas. 

Além de criar políticas internas e códigos de conduta com recorte sensível ao gênero, é recomendado que as entidades esportivas busquem parcerias externas para somar esforços nesse sentido, como organizações não governamentais, organismos internacionais, mídias e setor privado. 

Um exemplo é o trabalho que o Comitê Olímpico do Brasil, entidade máxima do esporte brasileiro, vem realizando em conjunto com a ONU Mulheres na criação de políticas, cursos, ações e cartilhas informativas para ampliar o debate sobre assédio, abuso e violência de gênero em ambientes esportivos, incentivando outras confederações brasileiras olímpicas a seguirem o exemplo. 

Recomendações – Entre as recomendações estão ainda a incorporação de indicadores e metas de equidade de gênero nos estatutos das confederações e o incentivo às modificações estatutárias para garantir a paridade de gênero em eleições para cargos de presidência nas entidades.

O investimento no fortalecimento de meninas e mulheres no esporte em categorias de base em nível amador, semiprofissional e profissional também é recomendado, assim como o investimento em projetos comunitários voltados à inclusão e permanência de meninas e mulheres no esporte, como o programa “Uma Vitória Leva à Outra”.

O relatório ainda indica como boas práticas a elaboração de relatórios anuais de atividades que especifiquem o monitoramento e a avaliação de indicadores atrelados a metas progressivas para a representação e equidade de gênero em cada entidade.