Aluna cria ferramenta que calcula cenário de carbono zero até 2050

As simulações foram feitas durante estágio em uma das maiores montadoras do País

A aluna do curso de Engenharia de Controle e Automação do Campus Curitiba, Caroline Zanata Pereira, criou uma ferramenta, a qual faz simulações de possíveis cenários entre tecnologias, frota e combustíveis, para que se possa atingir a neutralidade de carbono no ano de 2050 pela indústria automotiva.

O Brasil se comprometeu a diminuir em 50% as emissões de carbono até 2030, em ao ano de 2005. Além disso, o país afirmou a meta de alcançar a neutralidade de carbono até 2050, durante a última Conferência das Nações Unidas de Mudanças Climáticas (COP26), em novembro do ano passado.

Para isso, o país precisa investir em três pilares: novas tecnologias, passivo de frota circulante e o uso de biocombustíveis.

Segundo o artigo da aluna Caroline Zanata, a indústria automotiva possui um papel muito importante na contribuição com o efeito estufa. “As emissões dos transportes no Brasil representam uma parcela de 9,03% da emissão total”.

Ela estudou o caminho para a neutralização de carbono na área automotiva com as emissões de CO2, o conceito do poço à roda e o impacto da frota circulante.

Para fazer as previsões, ela criou então uma ferramenta que simula cenários entre tecnologias, frota e combustíveis para as metas serem atingidas. A ferramenta integra os cálculos, o qual o usuário pode acessar e preencher parâmetros de combustíveis, frota e tecnologia e ela propõe cenários para a neutralização do carbono por meio de um gráfico que contém informações de 2020 até 2050.

Segundo o artigo ‘Análise da neutralidade de carbono do poço-à-roda no setor automotivo brasileiro”, feito pela estudante com participação de outros autores como Damiam Moretti, Edvam Palioto, Gabirel Nicheli Sampaio e Murilo Artur Ortolan, a ferramenta foi utilizada nestes estudos.

Poço à roda (ou Well-to-Wheel (WtW) em inglês), significa medir emissões de CO2 desde a obtenção do combustível (em sua forma bruta), transporte e refino até a combustão nos motores e escapamento do veículo. É o chamado ciclo de vida fechado.

 “Assim, garantimos que serão consideradas todas as emissões de CO2, desde a produção do combustível até a saída dos gases no escapamento do veículo”, explica.

Dentre os cenários de referências analisados no artigo, o mais promissor para a continuação do estudo foi o cenário que utiliza a gasolina E85, sem o uso de etanol hidratado (0% de E100), com uma taxa de eletrificação de frota e limitação de circulação de carros maiores que 20 anos de idade. A partir disto, simulamos também os efeitos do aumento no uso do etanol 2G (com menor intensidade de carbono) para redução de CO2.

“Neste caso, o Etanol Anidro 2G é misturado junto ao Etanol Anidro 1G na formulação da gasolina E85.  Quanto a eletrificação da frota, as vendas dos carros elétricos são progressivas e começam hipoteticamente a partir de 2025. Neste caso, chegando a uma frota “eletrificada” de 60% em 2050, a neutralidade de carbono é atingida”, detalha no documento. 

Neutralidade do carbono

A neutralidade de carbono é quando se emite a mesma quantidade de CO2 na atmosfera que aquela que se retira por diferentes vias, o que deixa um balanço zero, também denominado pegada de carbono zero. É uma compensação de carbono na atmosfera, ou seja, são maneiras para compensar o carbono que emitimos com o que retiramos ou capturamos. 

É importante entender que a neutralização de carbono não é a proibição de emissão de CO2, aliás, é muito difícil hoje em dia não emitir CO2 onde a maioria das atividades industriais são derivadas de alguma queima de combustível fóssil, até mesmo para a geração de energia elétrica.